Entrevistamos Juan Pablo Lopez, nosso aluno da 31ª turma do MBP.
Sobre o aluno:
Turma: MBP 31
Formação:
• MBA em Petróleo e Gás.
MBP pela COPPE – UFRJ, Rio de Janeiro (Dezembro 2014)
• Graduação
Economista, Pontifícia Universidad Javeriana, Bogotá, Colômbia (Jun/2006).
• Business English
Colorado International and Training Institute. Colorado, USA (1999 -2001).
Perfil: Economista formado com perfil comercial e financeiro, com sete anos de experiência no setor financeiro, gerenciando projetos e contas de importantes empresas do setor petroleiro. Focado na criação de valor e otimização de resultados.
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[accordion-item title=”1 – Quais são as principais semelhanças e as diferenças da indústria do petróleo no Brasil e na Colômbia?”]
As principais semelhanças da indústria de Oil & Gas destes países da região latino-americana pode ser alinhada no fato que o começo da produção de hidrocarbonetos foi consolidada nestes dois países por volta de 1950 com a constituição dos monopólios estatais da colombiana Ecopetrol e da brasileira Petrobras. As primeiras descobertas foram em poços on-shore de fácil acesso e de petróleo leve. Ponto inicial para o desenvolvimento das indústrias de Oil & Gas dos dois países.
A principal diferença pode ser caraterizada pela tecnologia de E&P que atingiu a Petrobras, já que a indústria colombiana só focou seus esforços em operações on-shore mais conservadoras, motivada pela proteção ambiental, facilidades logísticas e menor custo de exploração. Do outro lado, a Petrobras desenvolveu e patenteou tecnologia off-shore que a levou a atingir e romper recordes de profundidades, desenvolvendo a indústria do Pré-sal. Esta diferenciação sustenta o fato de que atualmente a Colômbia produz um milhão de barris (bdp) e o Brasil produz dois milhões de barris (bdp) aproximadamente. O dobro! [/accordion-item]
[accordion-item title=”2 – Nos fale um pouco sobre as forças da Ecopetrol e como ela alcançou tão elevados índices de produtividade e de valor de mercado.”]
Dois fatos mudaram o caminho da Ecopetrol nos últimos anos:
Primeiro, em 2003, a reforma na política de hidrocarbonetos permitiu que a companhia passasse de um monopólio estatal na administração do recurso petroleiro a uma mais empresa competitiva do setor. Assim, a empresa desenvolveu ferramentas para recuperar a governabilidade e para se ajustar aos padrões internacionais de tecnologia e relações laborais dos players mais representativos do setor. Garantiu assim condições de maior segurança na operação da empresa, controle e seu direcionamento estratégico ao futuro.
Segundo, a companhia estava precisando do seguinte passo: conseguir a capitalização para assim dotá-la dos instrumentos para simplificar seus procedimentos de contratação e remuneração de empregados e para se posicionar no mercado de capitais internacional.
Nestas condições, a estratégia da Ecopetrol vem junto com um processo de crescimento e expansão, conseguindo crescimentos da produção em 12% anual. Seus investimentos, que no ano de 2003 foram de US$500 milhoes, superaram os US$4.800 millhoes para o ano de 2008. No mercado interno fez apostas estratégicas na exploração e produção de petróleo e no downstream, como a compra de operadores nacionais como a Hocol e em transporte e logística comprou a gigante Ocensa (Oleouto Central SA). Ainda procura desenvolver o resto dos negócios da cadeia onde se consegue mais valor como no mercado petroquímico e de refino, comprando a estratégica Refinaria de Cartagena e na distribuição. Seguindo sua política de expansão internacional, adquiriu ativos no Golfo do México, Peru e Brasil.
Definitivamente os feitos alcançados pela companhia em altos níveis de produtividade e valor de mercado se conseguiram trabalhando com as pessoas a possibilidade de desenvolver projetos ambiciosos, junto com excelência operacional com altos padrões internacionais, suportados com boa tecnologia, inovação e a politica de zero acidentes. Assim, a sustentabilidade se conseguiu com o forte trabalho em manter relações com as comunidades, as boas práticas ambientais e o ganha-ganha com os novos acionistas que esperam uma empresa competitiva, rentável e com transparência em suas contas.
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[accordion-item title=”3 – O tema do seu “TCC” (trabalho de conclusão de curso) foi sobre a matriz energética brasileira. Comente sobre as forças e fraquezas de nossa matriz energética.”]
A motivação principal que me levou a pesquisar sobre a matriz energética brasileira foi justamente encontrar uma realidade com mais fraquezas do que forças, que representam hoje um risco gigante na capacidade de suprimento energético e de água da nação. É positivo para a matriz energética brasileira ter forte participação de fontes renováveis como as fontes hidráulicas e os bicombustíveis. Este fato ajuda a ter um resultado mais limpo e com menos impacto ambiental que outros modelos, além de ajudarem a manter um sistema mais barato para o usuário e para o governo. O Brasil é um país rico em recursos hídricos e tinha que aproveitar este presente da natureza. É uma das fontes mais baratas e convenientes se o ciclo das aguas está do lado do modelo. No entanto, focou demais nas fontes hidráulicas para a produção de energia elétrica, gerando um risco latente no suprimento do serviço, já que com as difíceis condições ambientais atuais, os reservatórios estão em níveis em que não se consegue garantir o suprimento de agua e de energia elétrica. E o fato de não terem uma contingência clara, levará a futuros racionamentos e outros problemas de ordem econômica e social que podem encaminhar o país para uma crise. Portanto, o trabalho propõe um modelo para a diversificação da matriz em termos viáveis. [/accordion-item]
[accordion-item title=”4 – Na sua opinião, quais são as oportunidades e as ameaças para a indústria do petróleo no Brasil?”]
O Brasil é um país abençoado com grande diversidade de recursos naturais. Mas tanta riqueza quanto facilidade nos levam a não valorizar o que temos. A indústria do petróleo no Brasil tem um futuro muito interessante e atrativo. No médio prazo estima-se que o preço do petróleo recuperará o valor perdido, aliviando assim as contas e as finanças da nação e trazendo investimentos que permitirão que as novas descobertas e reservas do Pré-sal possam ser monetizadas. Porém o caminho não será fácil. Ainda têm que esclarecer e resolver os problemas de corrupção que contaminaram e corromperam as instituições, minando o crescimento e a confiança. A sua oportunidade chegará no dia quando se decidir a combater de frente, com seriedade e sem trégua, este câncer, para assim recuperar a confiança dos investidores, dos mercados financeiros e a mais importante, a da democracia. [/accordion-item]
[accordion-item title=” 5 – Por que você decidiu vir ao Brasil e cursar o MBP da Coppe/UFRJ (pós-graduação em petróleo e gás) e de que forma isto lhe ajudou em sua carreira?”]
A UFRJ/Coppe é uma instituição educativa top com reconhecimento mundial. Neste sentido, era meu interesse pessoal aprofundar meus conhecimentos na área energética, e minha pesquisa na procura de um centro especializado em estudos de petróleo e gás que me oferecesse esta possibilidade me colocou diante do curso MBP. Infelizmente, na Colômbia é difícil encontrar um centro educativo que ofereça especializações de alto nível na área de Oil & Gas porquanto a decisão não foi tão difícil. A possibilidade de morar no Rio de Janeiro, uma cidade cenário do mercado petroleiro latino-americano, junto com sua incrível beleza e opções, despertou imediatamente o meu interesse. Hoje, o conhecimento adquirido nos 360° do negocio, despertou-me ainda mais o interesse por outras questões da área e ao mesmo tempo me fez um profissional com um perfil interessante para o mercado laboral na área de Oil & Gas. Agora estou morando no México e, sem dúvida, a experiência do curso ajudou a abrir portas neste mercado.