Entrevistamos a aluna Yanxia Ding, nossa aluna da 31ª turma do MBP.
Formação:
• Contabilidade e finanças – Universidade de Economia e Direito de Zhongnan (1992)
• MBA – Universidade de Tecnologia de Wuhan (2006)
• Idiomas: Inglês, Espanhol, Português e Chinês
Perfil: Após a Universidade, trabalhei 11 anos na Companhia Nacional de Petróleo( CNPC/SINOPEC) na sede de Hubei, China. Doze anos de experiência internacional em atividades de exploração e produção em que a Sinopec é parceira na Nigéria, Sudão, Equador, Colômbia e Brasil. O trabalho realizado ao longo deste tempo permitiu adquirir uma sólida experiência em Finanças, Contabilidade, Planejamento, Comercialização, Controle Interno e Auditoria.
1 – Como você vê o intercâmbio tecnológico entre o Brasil e a China no setor de Petróleo?”
O intercâmbio tecnológico entre Brasil e China está atualmente acontecendo através do investimento do setor de petróleo da China. Algumas empresas de petróleo da China começaram a participar de projetos de E&P no Brasil há 5 anos atrás. A participação e contribuição técnica das empresas chinesas é feita através dos mecanismos previstos no JOA, ou seja, participações nos trabalhos das joint ventures. Em alguns casos os técnicos chineses trabalham integrados nas equipes dos parceiros das joint ventures e em outras situações são realizados estudos mais complexos com o apoio de instituições de pesquisa sediadas na China.
Têm sido igualmente organizadas algumas conferências que permitiram o intercâmbio de tecnologia entre a China e o Brasil, nas quais participaram outras companhias petrolíferas internacionais que operam no Brasil.
2 – Você acredita que a elevada demanda de energia da China pode se transformar em relevantes investimentos na Indústria do Petróleo Brasileira?”
A alta demanda de energia da China tem levado as empresas de petróleo da China a entrar para o mercado internacional, não só no Brasil como em outros países. Investimentos da China no setor de petróleo de diferentes empresas de petróleo no Brasil já são significativos hoje em dia. As empresas chinesas têm hoje participações em grandes projetos no pré-sal da Bacia de Santos (Libra, BM-S-11, BM-S-9). O fato do Brasil ter um enorme potencial de crescimento como produtor de petróleo será seguramente um atrativo para que a China aumente o investimento futuro no setor de petróleo no Brasil.
3 – Quais são as semelhanças e as diferenças entre a indústria do petróleo Brasileira e a Chinesa?”
O mecanismo de operações na indústria de petróleo entre a China e o Brasil são bastante semelhantes, dado que a indústria do petróleo é controlada pela empresa estatal em ambos os países. Essas empresas de petróleo são listadas na bolsa de valores, mas a maior parte é do Estado. A diferença é que existem três maiores companhias de petróleo estatais na China, sendo que o objetivo é aumentar a competição entre elas para evitar a fraqueza dos monopólios. Para além dessas três grandes empresas, existem também outras pequenas empresas de petróleo na China. Em 2014, a China aperfeiçoou a reforma da indústria petrolífera, com o objetivo de diversificar ainda mais a propriedade de empresas estatais, o que significa que a política incentiva a entrada de entidades privadas e/ou estatais no setor de petróleo. [/accordion-item]
4 – Como e por que você resolveu cursar o MBP da Coppe/UFRJ (pós-graduação em petróleo e gás)?”
Trabalhando há mais de 20 anos no setor de petróleo na área de finanças e contabilidade, senti que era necessário adquirir conhecimentos mais vastos sobre a indústria de petróleo, de forma a melhor desempenhar um papel na gestão de controle de custos, plano de trabalho e orçamento, vendas de petróleo bruto, etc. E acho que isso terá um impacto positivo na compreensão da situação geral, ajudando a tomar as decisões corretas, agregando valor para a empresa e, naturalmente uma mais valia para a minha carreira. Lembre-se, CEO não pode se tornar CFO, mas o CFO pode tornar-se CEO. [/accordion-item]
5 – Nos conte um pouco sobre a sua experiência profissional em outros países, além da China e do Brasil.”
Trabalhei em diferentes países da África e América do Sul. Na África, trabalhei na Nigéria e no Sudão por 2 anos onde desempenhei as funções de responsável pelas áreas de Contabilidade e Finanças na fase de desenvolvimento de projetos com capacidade de produção de 200 mil barris/dia.
No Equador trabalhei 4 anos numa companhia associada da Sinopec, a Andes Petroleum, produzindo cerca de 60 mil b/d, na qualidade de responsável pela Contabilidade e Finanças.
Na Colômbia trabalhei durante 3 anos na Empresa MECL, a maior produtora de óleo pesado do país, com uma produção de 40 mil b/d. Nessa Companhia desempenhei as funções de CFO.
Os investimentos da China na área do E&P em países estrangeiros estão sujeitos a grandes desafios e riscos próprios desses países. O risco de investimentos na Africa são bastante diferentes dos riscos dos países sul americanos e muito influenciados
por considerações geopolíticas.